O tempo não passa. Não quando queremos que ele passe.
E bem quando estamos aproveitando sua lentidão, ele resolve correr. Quando corre ... Ah, aí ele não pára. O tempo não pára.
E quando vemos já passou. Estamos formados, responsáveis pelos olhos da lei, já não vamos mais a baladas. Os cafés matutinos são trocados por reuniões de pais e professores. Os baseados já não nos pertencem. Os cigarros nem têm mais graça, na verdade agora eles são um fardo, um vício.
O que fica são as lembranças de uma época de esplendor. Todas as risadas ficam guardadas e esperançosas de voltarem à tona. Ah, que lembranças!
- Lembram daquele dia em que pulamos na rua cantando? Acompanhados de uma alegria sem sentido, mas tão viva? E daquela vez em que...
O que fizemos mesmo? Estava em minha cabeça até agora. Assistimos aquele filme, daquele diretor. Como pude me esquecer? Gostava tanto de seus filmes. Como se chamava?
Ás vezes parace que fomos feitos um para o outro. Todos nós.
E então eu me pergunto: será que um dia seremos assim? Nos reuniremos apenas para falar do que fizemos, cheios de orgulho de nossas aventuras juvenis?
Ou nem mesmo nos lembraremos? Apenas deixaremos o tempo - compositor de destinos - levar tudo embora?
O que acontecerá pouco sei. Nem tenho como saber. Pensando bem - como dizia Caeiro - Pouco me importa.
Apenas sei e, tenho a certeza que terei o que contar.
Isso por enquanto me basta.
2046 - Os Segredos do Amor, Wong Kar-Wai.
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
16:30
"16:30 - Estava sem grafite. Isso me fode. Se o texto não está à lapiseira, não gosto do que escrevo.
Ignorei meu lado metódico e achei um lápis. Fui procurar um apontador, e que surpresa. Achei uma caixa Pentel de grafite 07. Aquela caixa foi uma alegria. Na verdade, a única coisa que me entusiasmou nesses últimos dias.
O dia está chuvoso. Ele clama por um cigarro. Não só ele como o maço de Camel ao meu lado. Ah, Camel! Esse faz meu dia.
Que dia. Que dia é hoje. Chuvoso. Muito chuvoso.
Quero dormir. Aliás, devo acordar minha irmã. Ela me pediu.
Engraçado, datei essa folha com o ano de 2003. No fundo acabo negando que o ano é 2008, que tudo está mudando, e que estou em Agosto.
"Mês do cachorro louco". Agosto. 08 do 08 de 2008.
Estou na pior hoje. E é sexta-feira. Não é treze, é oito. 08 do 08 de 2008.
Preenchi a ficha da fuvest hoje. Carreira 224, curso 39, Curso Superior do Audiovisual. Duas palavras: bela bosta.
Uma ficha que para muitos definem a vida.
Para mim, não. O que está em jogo é algo muito maior. Define a minha relação com meu pai. Para ele tenho uma única obrigação como filha: entrar na faculdade. Minto, entrar em uma boa faculdade. O que implica que pouco lhe importa meu comportamento perante a ele. O que importa é a faculdade.
Até entendo sua postura. Nunca teve muitas oportunidades para estudar e fez de tudo para que eu tivesse o sucesso acadêmico que não teve.
Não. Na verdade não entendo, e estou cansada de bancar a racional, que entende a todos sem ser entendida. Não mereço o tratamento que recebo dele. Não entendo, e nesse momento, me recuso a entender.
O que será que eu vou cobrar dos meu filhos?
O que será que serei no futuro?
Será que não escolhi minha carreira de modo leviano?
Será que estou me isentando de responsabilidades?
Será que é isso que quero?
Será que agosto não vai acabar?
Será que minha irmã já acordou?"
Ignorei meu lado metódico e achei um lápis. Fui procurar um apontador, e que surpresa. Achei uma caixa Pentel de grafite 07. Aquela caixa foi uma alegria. Na verdade, a única coisa que me entusiasmou nesses últimos dias.
O dia está chuvoso. Ele clama por um cigarro. Não só ele como o maço de Camel ao meu lado. Ah, Camel! Esse faz meu dia.
Que dia. Que dia é hoje. Chuvoso. Muito chuvoso.
Quero dormir. Aliás, devo acordar minha irmã. Ela me pediu.
Engraçado, datei essa folha com o ano de 2003. No fundo acabo negando que o ano é 2008, que tudo está mudando, e que estou em Agosto.
"Mês do cachorro louco". Agosto. 08 do 08 de 2008.
Estou na pior hoje. E é sexta-feira. Não é treze, é oito. 08 do 08 de 2008.
Preenchi a ficha da fuvest hoje. Carreira 224, curso 39, Curso Superior do Audiovisual. Duas palavras: bela bosta.
Uma ficha que para muitos definem a vida.
Para mim, não. O que está em jogo é algo muito maior. Define a minha relação com meu pai. Para ele tenho uma única obrigação como filha: entrar na faculdade. Minto, entrar em uma boa faculdade. O que implica que pouco lhe importa meu comportamento perante a ele. O que importa é a faculdade.
Até entendo sua postura. Nunca teve muitas oportunidades para estudar e fez de tudo para que eu tivesse o sucesso acadêmico que não teve.
Não. Na verdade não entendo, e estou cansada de bancar a racional, que entende a todos sem ser entendida. Não mereço o tratamento que recebo dele. Não entendo, e nesse momento, me recuso a entender.
O que será que eu vou cobrar dos meu filhos?
O que será que serei no futuro?
Será que não escolhi minha carreira de modo leviano?
Será que estou me isentando de responsabilidades?
Será que é isso que quero?
Será que agosto não vai acabar?
Será que minha irmã já acordou?"
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