sexta-feira, 10 de abril de 2009

e precisamos todos, rejuvenescer.

"Apesar de a gente saber que nada será como antes, não há por quê não tomar o trem azul. Quem sabe um dia o sonho volta? Aliás, o sonho não acabou., o meu sonho realmente não acabou, mas, como fico visceralmente abalada com as coisas que acontecem, é claro que vou ficar preocupada.

Preocupada com as pessoas. Isso que está aí não aceito; não faço parte dessa roda. Mas, como acredito profundamente no ser humano, acho que nem tudo está perdido. E vou trabalhar para a melhoria do planeta, do meu jeito. Porque a cada dia que passa mais acredito no grupo, na gargalhada, na leveza, na força do sol atuando em cima das pessoas, a cada dia que passa quero ser mais feliz, batalhando para ser uma pessoa tranquila diante de mim mesma e de meu espelho. Continuo com os passarinhos, com as flores, as cascatas e os rios. Sou uma pessoa antiga. Não vou trair minha cabeça, meu jeito de ser; apesar que até dei uns avanços. Mas daí, Deus é quem sabe, tá sabendo?"

Senhoras e senhores: Elis Regina.
"E vou trabalhar para a melhoria do planeta, do meu jeito."

sexta-feira, 13 de março de 2009

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- Você conhece aquela cantiga: "Se alguém agarra alguém atravessando o campo de centeio"? Eu queria...
- A cantiga é "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio"! - ela disse. - É dum poema do Robert Burns.
- Eu sei que é dum poema do Robert Burns.
Mas ela tinha razão. É mesmo "Se alguém encontra alguém atravessando o campo de centeio". Mas eu não sabia direito.
- Pensei que era "Se alguém agarra alguém" - falei. - Seja lá como for, fico imaginando uma porção de garotinhos brincando de alguma coisa num baita campo de centeio e tudo. Milhares de garotinhos, e ninguém por perto - quer dizer, ninguém grande - a não ser eu. E eu fico na beirada de um precipício maluca. Sabe o quê que eu tenho fazer? Tenho que agarrar todo mundo que vai cair no absimo. Quer dizer, se um deles começar a correr sem olhar onde está indo, eu tenho que aparecer de algum canto e agarrar o garoto. Só isso que eu ia fazer o dia todo. Ia ser só o apanhador no campo de centeio e tudo. Sei que é maluquice, mas é a unica coisa que eu queria fazer. Sei que é maluquice.
A danada da Phoebe ficou calada um tempão. Aí, quando resolveu falar, foi para dizer - Papai vai te matar.

JD Salinger - O Apanhador no Campo de Centeio, capítulo 22.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sorbet de Limão

Está quente. Realmente quente.
Lá fora marcam uns 27 graus e até tarde chega-se em 31,32 graus. 32 graus da escala Celsius, é quase a temperatura do nosso corpo.

Já reparou que no calor seu corpo fica mole?
Levantar da cama é facil, já que ficar deitada no cochão me dá um calor desgraçado. Mas e a vontade de sair de casa?
Me dá aflição só de olhar para minhas calças. Mas quando se é mulher, sair de shorts em São Paulo é ouvir as piores barbaridades.

Ah, mais que calor. O sol não dá uma simples brecha e tudo em volta parece uma grande praia sem mar. E o pior, sem guarda-sol (ou seria guardassol?).
Andar os 5 quilómetros da Paulista parece uma jornada nordestina. A já conhecida pressa, que tanto enche as ruas de São Paulo, nesses dias são muito mais assutadoras do que normalmente. Todo mundo corre por uma sombra, voam em cima do cara que vende água por 1,50 no ponto de onibus, e aparentam muito mais desesperadas do que todos os outros dias.
Somos paulistas meu. Quem aqui tá acostumado com esse calor?

Quando o sol se põe tudo parece voltar a normalidade. Continua quente e os grandes termómetros da avenida marcam 27, 28 graus. Mas, agora todo mundo está mais calmo. O expediente terminou e a maiorida das pessoas aproveitam a meia hora antes do jantar para beber uma cerveja nos bares das longas calçadas da Paulista.

A vida nortuna no calor é muito mais legal, confesso.
Mas sinto tanta falta de passar aquelas noites frias de São Paulo. Porque de uma certa forma, essas noites chegam a ser únicas para mim. Unicamentes paulistas.
Um vinho, dois casacos e um cachecol.
E nada de suor.

O calor está latente e nada de vinho por esses dias. Troquei meu vinho pela deliciosa invenção dos franceses para tirar o gosto entre uma refeição e outra. O doce sabor refrescante do sorbet me alivia o calor desses dias, enquanto espero ressurgir os dias frios da terra da garoa.


Sorbet de Limão.
INGREDIENTES:1 1/2 xícara de chá de água1 xícara de chá de adoçante em pó para culinária1 xícara de chá de suco de limão2 claras em neve
MODO DE PREPARO:
Ferva a água com o adoçante por 15 minutos. Deixe esfriar e junte o suco de limão. Acrescente delicadamente as claras, despeje em fôrma de alumínio e leve ao congelador por 1 hora. Bata na batedeira até obter um creme. Retorne ao congelador até ficar firme. Sirva decorado com raspas de limão.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Age of Aquarius

Era sexta feira 13. Fevereiro, 2009.
O dia cabalístico e carregado de superstições tornou-se até esperançoso para a nova era do zoadíaco.
No dia seguinte começaria a Era de Aquarius.
A Era de Aquarius, é o momento esperado por quase todos os fanáticos por astrologia, ou mesmo aqueles que esperam uma mudança sem qualquer esforço para que isso aconteça.

Poderia dar inúmeras explicações sobre a Era de Aquarius e propriamente o que ela significa, mas para simplificar, apenas direi o que 5th Dimension já disse: a lua vai para sétima casa e Júpiter se alinha a Marte.
A sétima casa é a casa das oportunidades, portanto, o mito em que se envolve é que em Aquarius a humanidade viverá em perfeita harmonia.

Tudo bem. Devo admitir que as forças do zoadíaco realmente influenciam a minha vida. Mas, querer acreditar que devido ao alinhamento de Júpiter e Marte os homens parassão a se respeitar é abusar muito da minha racionalidade.

Difícilmente acredito na boa intenção, ou no caráter humano. Para mim, cada ser é egoísta dentro do seu próprio limite. Certa vez, entre três amigos, tal discussão veio a tona rendendo pelo menos duas horas de discussão e um maço de cigarros, e no final, conclusão alguma.

Sim, tudo isso pode soar como pessimismo. Mas, vamos aos fatos.
Momentos antes da entrada de Aquarius, duas amigas se encontravam em um show, onde a propria banda prega o familiarismo. Horas depois, a lua já estava na sétima casa, e então as amigas foram assaltadas. Um celular foi a única coisa levada. Porém, sendo uma "era de fraternidade universal baseada na razão onde será possível solucionar os problemas sociais de maneira equitativa para todos e com grandiosas oportunidades para o desenvolvimento intelectual e espiritual" um assalto te parece certo?

Concordo que não devo apreender minhas conclusões sobre a humanidade numa simples decepção com o zoadíaco. Assim como faz todo o sentido querer viver em um sociedade igualitária onde o vizinho de cima respeita o horário do silencio. Mas caindo na real, o quão distante está nossa capacidade de elevação a tão esperada liberdade? E se um dia conquistarmos, estaremos realmente satisfeitos?


Assita: Hair-Milos Forman

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Drama queen

"Você é muito dramática", ela disse.
Com essas quatro palavras fui colocada em uma das posições mais vulneráveis da minha vida.
Dramática. A palavra entrou pelo meu canal auditivo, atingiu o tímpano, passou por todos aqueles orgãos com nomes exdruchulos, a ao chegar em alguma parte de meu cerebro, bum! Deu-se a melhor, e ao mesmo tempo a mais cruel, descoberta dos últimos tempos.
Eu sou dramática.

Confesso que não foi grande surpresa para mim. Mas nunca quis que minha tendencia ao drama fosse notada por alguém. Analisando a situação, o modo em que fui julgada não foi tão justo, nem ao mesmo sensato, foi completamente superficial. Porém a conclusão tirada não deixou falhas.

Demorei muito tempo para adimitir para mim mesma que era, sim, dramática. Até negei na hora em que ela me disse. Mas é inevitável mentir para si mesma quando se tem, não só um apurado senso crítico, como um excelente terapeuta.

Entenda leitor, ser dramática não é facil, nem mesmo muito bem visto. Mas, exige um grande amor pela vida e por tudo aquilo que ela feita.
Amo meus amigos, minha família e minha forma viver. Por isso que quando um amigo me chateia, meu pai não me entende ou minha vida não segue para onde eu havia determinado, meus olhos se enchem e desta forma o dilúvio desce à Terra. Pelo menos, para minha Terra.

Eu sou dramática. Sim.
Porém, com meu drama consigo absorver uma certa beleza em todos os momentos.
Pois sei que no final de cada dilúvio, o solo estará mais fértil e vai me render aquelas cenas de comerciais de suco de caixinha sabe? Com vastos e ricos pomares!

Dramaticamente meu mundo está se transformando.
Aos poucos, mas pelo menos eu sei que ele nunca vai parar.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Crimes e Pecados

"Ele estava lá.
Entre seus familiares e amigos, tomava seu wiskhy previamente preparado por sua encantadora mulher.
Entre tantos sons emitidos pelas bocas daqueles que enchiam sua sala de estar, de longe se ouve o chiado do telefone. Sua filha, quase que despercebida, levanta e vai atendê-lo. Logo volta informando que era seu irmão do outro lado da linha.

Imediatamente passa a pensar se a notícia que lhe daria era aquela que estava esperando. Ao pegar o telefone, sem surpresas. Seu irmão lhe dizia que estava tudo certo e que, conseqüentemente, seus problemas haviam acabado. Porém, em sua mente, a solução dada por seu irmão, só faria começar uma série de outros problemas em que todos eles seriam acompanhados por um sentimento de culpa e ao mesmo tempo, medo por sua vida acabar atrás das grades.

Ao voltar para companhia de seus ilustres convidados, não parava de pensar no que estava acontecendo. Imediatamente vem a sua mente a imagem dela em um momento qualquer que passaram juntos. Sua cabeça não deixava agir normalmente.

Sua mulher pergunta se está tudo bem. Seu olhar não consegue mentir e, portanto sua boca faz esse serviço. Lamenta não poder ficar e acaba inventando uma desculpa relacionada a seu trabalho. Com a mesma feição de que algo estava errado, se despede de seus adoráveis amigos e segue para conseguir acreditar na notícia que seu irmão lhe dera.

Chega aquele apartamento que foi tantas vezes freqüentado por ele mesmo. Ao abrir a porta, preparado com suas luvas de couro pretas, afim de não deixar vestígios de sua permanência lá, depara-se com o corpo recém morto da mulher com quem manteve uma relação extraconjugal.

Ela o fitava diretamente em seus olhos como se soubesse que ele viria vê-la após seu assassinato. Sua boca escorria sangue, ao mesmo tempo em que mantia um lindo sorriso no rosto. Assim, morta, assassinada pelo homem que tanto amava, estava feliz, pois sabia que os problemas de seu amado terminariam com sua morte.

Deparado com essa cena de covardia, o ser tão amado busca pela casa indícios de sua relação. Não pelo fato que poderia sentir falta dela, mas sim, por medo de que algum dia virasse suspeito, ou mesmo culpado. Tudo que leva disso, é um porta retrato."

Cena de Crimes e Pecados - Woody Allen

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Deus

Ultimamente, minha vida tornou-se tão cheia de coisas que nem tenho tempo para meus próprios pensamentos. Mas, não posso ignorar a época. Vai chegando o fim de ano, e até os seres menos pensantes passam a refletir sua vida. Eu, porém, como uma eterna pensante, chego a uma conclusão, que por mais clichê e piegas que possa parecer, me faz ser quem sou.

Tudo começou com uma discussão domingueira sobre o significado de Deus.

Do dicionário tirei o seguinte:
do Lat. Deus

s. m.,
ser supremo, infinito, perfeito, criador do Universo;
divindade;
causa primeira e fim de todas as coisas;


Apesar de ter gostado mais da última, ainda não tinha me convencido.
O fato é que esta resposta depende do ponto de vista.
Os cristãos, acredito eu, tem Deus como criador do céu e da Terra. Os ateus nem mesmo nele acreditam. Os romanos, egípcios, assim como todos os politeístas, na falta de um têm vários. Mas, existe apenas um que é uma divindade masculina, superior aos homens, à qual se atribui uma influência especial, benéfica ou maléfica, nos destinos do Universo.

Seja qual for seu significado, hoje, sinto-me mais próxima de Deus. Não o Deus católico, romano ou egípcio. O meu Deus. Este vem na forma de mulher, um tanto quanto pequena e que me gerou nove meses em seu ventre.
Ironicamente meu Deus é o maior e o mais forte. Deu a mim toda a força para agüentar os tropeços da vida, e faz constantemente que esta força cresça. Acompanhou-me desde meus primeiros passos e sofre como eu sofro.

Meu Deus é humano no sentido mais completo desta palavra. Com suas falhas, que o faz tão especial, é benigno, compassivo e bondoso. Tem um sentimento que poderia cobrir todo o mundo de paz.

Hoje, não imagino minha vida sem ele. Mesmo quando não presente fisicamente, está lá em todos os meus gestos, pensamentos e modo de encarar a vida.
Estarei sempre como ele, pois sei que não me abandonará apesar de todos meus defeitos, quase que imperdoáveis.
Na meia-noite, desse seis de dezembro de 2008, completará mais um ano de vida e apenas o que posso oferecer é minha eterna devoção e esta sincera homenagem.


Mãe, feliz aniversário.